SOBREVIVENTES
Cotencão
Há anos o governo secretamente procurava de alguma forma encontrar respostas para os males do ser humano. Encontrar uma cura para todas doenças, uma solução para seus problemas, uma forma de acabar com as guerras... uma forma de se tornar imortal. Tudo que posso lhe dizer é que nossas escolhas nos fazem ser o que somos e eu infelizmente sou parte disso. Eu sempre me fiz uma pergunta: E se a resposta para esses problemas estivessem o tempo todo em nós mesmos... O que aconteceria se eu conseguisse descobrir o mistério da mente humana! Se encontrasse uma forma de me tornar mais inteligente, mais forte.Quem me dera viver com essa duvida. A sede do conhecimento foi parte de minha ruína e hoje é minha unica salvação. Eu lhe pergunto o que você faria se alguém lhe dissesse ser capaz de lhe tornar um ser perfeito... não haveria mais doenças, todos seriam inteligentes... perfeitos. Esse é o ano de 2014 e já faz um ano desde que isso se tornou possível, desde que consegui me tornar mais inteligente, porém com um custo; todos os seres humanos, pois hoje já não posso mais os chamar de humanos. O ser humano não pode ser perfeito... pelo menos não como eu imaginava. Não há mais pessoas, nem animais somente eu John Smith.
01 Maio de 2013
- Smith como andam os avanços com a vacina A?
Smith:
- Eu não sei Jack, acho que estou cada vez mais próximo de conseguir algo.
Jack sorrindo diz enquanto se senta próximo á Smith:
- Você sempre diz isto, meu pai me ligou ontem. Se não conseguirmos nada ele não poderá mais custear nossas pesquisas. Estamos cada vez mais longe de achar respostas. É um labirinto e quando achamos que chegamos ao fim voltamos ao começo.
Smith:
- Eu encontrei algo
Jack se aproxima enquanto olha pela pequena fissura do microscópio.
- O que você está vendo é apenas um ponto no escuro meu caro amigo. Faça uma coisa pra si mesmo... descanse.
Jack olhando para o relógio diz enquanto se levanta:
- Vou almoçar você vem.
Smith:
- Vou ficar mais um pouco.
Jack da com os ombros:
- Tudo bem. Bom almoço então. Você já tem ideia de como fará para testar isso em pessoas, o conselho foi totalmente contra qualquer tentativa do tal.
Smith:
- Uma coisa de cada vez Jack... uma coisa de cada vez.
(Eu achava que seria possível realmente melhorar o mundo, achava estar fazendo o bem para a humanidade, mas sempre tive minhas opiniões formadas e não queria pensar que alguma delas poderia acabar com tudo, e isso foi o que me destruiu.)
02 Julho de 2014
(Há dias não como, e ainda por cima sinto falta de alguém para conversar, queria eu poder ter alguém para me queixar de algo ou para contar uma piada, eles não ouvem, não mais como humanos, hoje só sentem cheiro de dor, de alguma forma sua capacidade racional de pensar se foi embora, e aqui estou eu escondido, enfrente á uma loja de armas, pensando em como entrar sem que algum deles me perceba. Não tenho muito tempo o céu está escuro e a noite se aproxima, de alguma forma eles ficam mais agressivos nesse turno. Ainda não encontrei uma explicação lógica para tudo isso, mas tenho que correr.)
Smith se escondia por de trás de um velho carro enquanto carregava sua 9mm meio enferrujada, não se via nada na rua o que para ele era um bom sinal, e precisava de armas, aquelas eram suas ultimas balas. Um carro lhe cairia bem... um que funcionasse bem e que pudesse andar mais que dois quilômetros sem o deixar nas mãos. Smith dá cada passo extremamente calculado de forma que não chamasse a atenção de alguém, toda aquela fome não lhe deixara usufruir de suas habilidades que lhe eram essenciais para sobrevivência e correr seria uma delas. As ruas estavam vazias e haviam vários carros destruídos espalhados aleatóriamete sobre toda estrada, alguns apenas abandonados. Smith sabia que todo aquele silencio não era normal o que lhe fazia dobrar atenção enquanto passava de um lado para outro da rua observando qualquer movimento.
Com passos lentos Smith se aproxima da estante de armas enquanto observa vagamente o interior da loja, haviam cartuchos de todos tipos de calibres espalhados pelo chão conjunto á um grande número de sangue seco que decorava o ambiente o tornando cada vez mais sombrio.
(Logo que vi aquele sangue, sabia que aquilo não me dera um bom pressentimento, o sangue os atrai e apesar daquele não estar fresco, poderia lhe dizer algo quanto, alguns deles que estiveram por ali, eles normalmente sempre ficavam escondidos, como animais atrás de sua caça o que fazia a cidade parecer um lugar desolado, mas sabia que toda atenção ainda era pouca. Após todo esse tempo, sabe, consegui um lugar bem protegido contra eles, mas sabia que no caso de fome e munição precisaria sair, mas durante todo esse período, consegui desenvolver minhas habilidades de fuga com certa perfeição.)
Smith adentra o interior da loja enquanto procura por algum infectado, o cheiro de morte começa a fazer parte de seus pulmões.
(Merda! Haviam dois corpos nos fundos da loja. Eles estava dilacerados... Fiquei parado por alguns segundo os observando, imaginando talvez como foi o fim deles, mas o cheiro se tornou insuportável Eles eram os primeiros mortos que vi que ainda não tinham se definhado. Voltei para trás quando percebi ao canto do chão abaixo do balcão principal uma arma. Eu nunca a teria percebido se não abrisse aquela porta. Não tive muito tempo.)
John puxa com firmeza a arma enquanto um barulho lhe faz se lançar para trás caindo de costas ao chão. Um reflexo revela a identidade do invasor. Sem muitas alternativas John se levanta enquanto mais rostos se fazem presentes quebrando a vidraça da loja e indo ao seu encontro. Em um rompante John atira contra o primeiro infectado enquanto o outro se lança contra seu braço. Sem de longas John se desvia deslizando sobre o balcão enquanto com mais um tiro acerta outro infectado. Em segundos a rua que parecia deserta se preenche com corpos sedentos. Sua aparência se assemelhava com a de um humano comum, porém seus dentes haviam se transformado em presas e seus olhos ficaram avermelhados conjunta á sua pele que parecia estar morta, muito semelhante á zumbis de filmes de terror, mas de fato nada igual a eles. Os infectados correm simultaneamente em direção a John que da mesma maneira busca uma saída. Sem balas John corre em direção á estrada quando é surpreendido por infectado que o lança ao chão.
Smith segura o monstro e se desvia de suas mordidas enquanto diz sorrindo:
- Parece que você não come á dias. Temos algo em comum. Vou lhe dar algo para comer.
Colocando seu pé por sobre a barriga da criatura o lança para trás enquanto rola seu corpo para o lado e sem muito tempo se lança abaixo de um carro enquanto busca fôlego .. ou pelo menos o pouco que ainda lhe restara.
(Naquele momento eu pensei, como sairei dessa, já me sentia esgotado e haviam muitos outros daqueles monstros.Será que me encontrariam aqui? Não queria esperar para ter certeza, engoli meu ultimo folego e arrisquei tudo que tinha.)
John olha para os lados e se levantando devagar volta a sua velha corrida enquanto alguns infectados rapidamente percebem sua presença. Com um sorriso quase que escandaloso John retira de uma pequena bolsa que uma granada de som e diz enquanto escolhe um carro aberto de forma aleatória como tentativa de fuga.
- Eu á estava guardando para emergências, acho que agora é uma.
Á lançando Smith tapa rapidamente os ouvidos enquanto tenta ligar o carro.
-Vamos funciona... Merda... Merda... funciona!
Todas as criaturas gemiam ao chão com gritos de gelar a espinha enquanto alguns pareciam se recobrar do transe de dor.
(Eu nunca consegui me acostumar com aquilo, aquele som me dava medo, era um som de dor, me doía saber que aquilo um dia já foi uma pessoa comum como eu. Por sorte nos últimos segundos consegui ligar o carro e fugir para longe enquanto via aqueles monstros se distanciarem cada vez mais até parecerem apenas pequenos pontos negros no retrovisor e desaparecerem por um todo.Ufa! essa foi por pouco.)
